segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Biografia: Nelson Mandela - Líder negro e estadista da África do Sul

Nelson Mandela foi um líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Seu nome verdadeiro é Rolihlahla Madiba Mandela. Principal representante do movimento antiapartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um terrorista e passou quase três décadas na cadeia. De etnia Xhosa, Mandela nasceu num pequeno vilarejo na região do Transkei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental. Em 1934, Mandela mudou-se para Fort Beaufort, cidade com escolas que recebiam a maior parte da realeza Thembu, e ali se interessou pelo boxe e por corridas. Após se matricular, começou o curso para se tornar bacharel em direito na Universidade de Fort Hare, onde conheceu Oliver Tambo e iniciou uma longa amizade. Ao final do primeiro ano, Mandela se envolveu com o movimento estudantil, num boicote contra as políticas universitárias, sendo expulso da universidade. Dali foi para Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul (UNISA) por correspondência. Continuou seus estudos de direito na Universidade de Witwatersrand. Como jovem estudante de direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942 e dois anos depois fundou, com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA. Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade – documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid. Comprometido de início apenas com atos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180. Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros militantes. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para o Marrocos e Etiópia para treinamento paramilitar. Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964 foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega). No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas antiapartheid em vários países. Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk. Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da paz em 1993. Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa. Ele se casou três vezes. A primeira esposa de Mandela foi Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957 após 13 anos de casamento. Depois se casou com Winnie Madikizela, e com ela ficou 38 anos, divorciando-se em 1996, com as divergências políticas entre o casal vindo a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano. Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª., a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush, o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá. Em 2003, Mandela fez alguns pronunciamentos atacando a política externa do presidente norte-americano Bush. Ao mesmo tempo, ele anunciou seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a AIDS chamada "46664" - seu número na época em que esteve na prisão. Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Fez uma exceção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a AIDS. A comemoração de seu aniversário de 90 anos foi um ato público com shows, que ocorreu em Londres, em julho de 2008, e contou com a presença de artistas e celebridades engajadas nessa luta. Nelson Mandela faleceu em 2013 aos 95 anos em sua casa na África do Sul.

Disponível em: http://educacao.uol.com.br. Acesso em 09/12/2013.

Por que UE e Rússia querem tanto a Ucrânia?

Por Diego Braga Norte

Com fortes laços com a Rússia, Ucrânia é seduzida pelo bloco europeu - e oscila entre os dois. Saibam quais são as origens da disputa e o que está em jogo nessa queda de braço.
Uma república de mais de 44 milhões de pessoas, com uma economia fragilizada, mas com enorme potencial e um território de mais de 600 000 quilômetros quadrados (área maior que a da França, o maior país da União Europeia) está sendo alvo de uma queda de braço entre UE e Rússia. Enquanto os europeus têm interesse em expandir suas fronteiras para o leste e isolar a Rússia, Moscou quer aumentar sua zona de influência e aproximar-se da UE para confrontá-la.  E no meio do caminho tinha uma Ucrânia.


Muito novo – a Ucrânia independente tem apenas 23 anos – o país é para a UE a porta de entrada do Oriente, e para a Rússia, a porta de saída para o Ocidente. Enquanto a UE tenta abrir a porta, para a Rússia o importante é fechá-la. Por sua posição estratégica, tamanho e potencial, o país é alvo de cobiça dos europeus, mas ainda vive sob a sombra da Rússia – que tem ligações umbilicais com Kiev. Questões históricas, culturais e econômicas ligam a Ucrânia ao país de Vladimir Putin, mas a população que tem protestado nas ruas vê motivos mais fortes para se inclinar para o outro lado. Os manifestantes apreciam os benefícios oferecidos pelo Ocidente, principalmente os jovens, estudantes e profissionais da classe média, como explicam o professor Evert Vedung, especialista em União Europeia e professor emérito de ciência política da Universidade de Uppsala, na Suécia. “Eles parecem preferir a democracia ocidental ao autoritarismo russo porque o tratado com a Rússia não contém quaisquer requisitos democráticos nem defende um sistema jurídico com menos corrupção e mais direitos humanos”. No papel, tudo parecia estar muito bem encaminhado. Na prática, como diria Garrincha, ‘faltou combinar com os Russos’.
O ‘Não’ – Em 28 de novembro, a União Europeia foi esnobada pela Ucrânia. Em Vilnius, na Lituânia, onde foi realizada uma cúpula com seis ex-repúblicas soviéticas – Ucrânia, Geórgia, Moldávia, Bielo-Rússia, Armênia e Azerbaijão – os resultados foram muito aquém do esperado pelos europeus. A UE só conseguiu firmar dois acordos de associação com a Geórgia e a Moldávia, pequenos países com economias minúsculas e população somada inferior a 6 milhões habitantes. Os demais ex-satélites da extinta URSS não quiseram se aproximar da Europa. Dos quatro que se abstiveram, o mais importante é a Ucrânia. A rejeição ao acordo desencadeou protestos contra o governo ucraniano, mas, depois de alguns enfrentamentos mais ríspidos entre o povo e a polícia, a situação ficou mais calma, segundo o embaixador brasileiro em Kiev, Antônio Fernando Cruz de Mello. “Os dois lados estão dispostos a dialogar e isso é bom”. Mello também avalia que por ser uma república que ainda engatinha, essa crise pode vir a fortalecer as instituições democráticas do país. “Por ser um país da ex-URSS, os tempos aqui são mais dilatados e as coisas não acontecem na velocidade do Ocidente. A Revolução Laranja durou meses. O povo não dá sinais de arrefecimento e as negociações internas podem ser lentas, mas podem vir a fortalecer a democracia na Ucrânia”. O professor Angelo Segrillo, especialista em leste europeu e professor do Instituto de Relações Internacionais da USP, concorda e avalia que, neste momento, derrubar o governo seria um erro. “O presidente Yanukovych tem legitimidade, foi eleito em um processo democrático. Se quiserem derrubá-lo tem de ser nas urnas”, defende.

Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em 09/12/2013.

Satélite brasileiro de R$ 270 milhões falha no lançamento e cai na Terra

O Ministério da Ciência e Tecnologia confirmou nesta segunda-feira (9) que o satélite brasileiro CBERS-3 caiu na Terra horas após ter sido lançado pelo Centro de Lançamento de Satélites de Taiyuan, na província de Shanxi, na China. O projeto custou R$ 270 milhões e é uma parceria entre o Brasil e o país asiático, com o objetivo de melhorar a observação do desmatamento na Amazônia. O satélite foi lançado à 1h26 pelo horário de Brasília (11h26 em Pequim) de hoje. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), houve uma falha de funcionamento durante o voo do Longa Marcha 4B, o foguete responsável por levar o satélite ao espaço. 



A falha teria causado um mau posicionamento do satélite na órbita prevista – como se ele seguisse o caminho errado previsto pela equipe –, obrigando o veículo a voltar ao planeta. Nesta madrugada, o INPE chegou a publicar uma nota dizendo que o lançamento do satélite havia sido um sucesso, mas tempo depois veio a informação de que o satélite não estava na órbita correta. De acordo com o INPE, "os dados obtidos mostram que os subsistemas do CBERS-3 funcionaram normalmente durante a tentativa de sua colocação em órbita". Técnicos brasileiros acompanharam o lançamento remotamente (via conferência) do Centro de Controle de Satélites do Instiituto em São José dos Campos, em São Paulo. Uma comitiva brasileira participou ao vivo do centro de lançamento chinês. Estavam nessa visita o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp, e o diretor do INPE, Leonel Perondi. O programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS, na sigla em inglês) é uma parceria de 25 anos entre Brasil e China. Cada país cuida de 50% do projeto (construção, testes), mas o lançamento do satélite ao espaço é de 100% de responsabilidade da China. Ao todo, já foram lançados três satélites (CBERS-1, CBERS-2 e CBERS-2B), sendo que o CBERS-3 iria substituir o CBERS-2, que parou de funcionar. Todos os satélites anteriores operaram adequadamente e cumpriram suas missões, como informa o INPE. O CBERS-3 possui uma série de equipamentos que permite fotografar, rastrear e registrar vários tipos de imagens com resolução superior às versões anteriores, como atividades agrícolas, desmatamento de florestas, incêndios, mudanças na vegetação, recursos hídricos e a expansão humana.

Disponível em: http://canaltech.com.br . Acesso em 09/12/2013. 

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

“O capital está indo bem, mas as pessoas estão indo mal”

Para o geógrafo britânico David Harvey, que escreve sobre urbanização a partir do marxismo, os problemas das cidades criam novas formas de fazer política. Por Piero Locatelli.

Os problemas urbanos criam um espaço onde novas formas de fazer política podem acontecer. Para o geógrafo britânico David Harvey, 78 anos, é possível constatar isso ao olhar os protestos que ocorreram ao redor do mundo nos últimos anos. “Não vejo as instituições políticas respondendo ativamente a este novo jeito de fazer política. Mas também não acho que esses movimentos saibam o que fazer”, diz Harvey. Professor da Universidade da Cidade de Nova York, Harvey falou com a reportagem de CartaCapital em São Paulo, antes de lançar o livro Os limites do capital (Editora Boitempo), publicado originalmente em 1982 e agora traduzido para o português. No livro, Harvey aborda a dinâmica da urbanização a partir de uma interpretação minuciosa do legado do filósofo alemão Karl Marx. Harvey é um dos principais estudiosos de Marx na atualidade. Suas aulas sobre o primeiro volume do Capital de Marx, disponíveis na internet, foram vistas mais de um milhão de vezes. Para o geógrafo, a onda de neoliberalismo iniciada nos anos 1980 faz com que a obra do alemão esteja mais atual do que nunca. Leia abaixo a entrevista, feita nesta semana em São Paulo:

CartaCapital: Na nova introdução de Os limites do capital,  o senhor escreve que o livro é mais relevante hoje do que ao ser lançado, há trinta anos. Por quê?
David Harvey: Porque a ascensão do neoliberalismo nos trouxe de volta ao tipo de mundo que Marx descreveu. Marx, e seu livro Capital, consideravam um mercado funcionando perfeitamente, como [o economista liberal] Adam Smith havia sugerido. Em 1970, nós não tínhamos mercados que funcionassem perfeitamente. Havia muita intervenção estatal, medidas de redistribuição de renda e um sistema forte de impostos, e a Europa tinha o estado de bem-estar social. Quando chegamos aos anos 1990, o que estava acontecendo era familiar e tinha um paralelo com o Capital de Marx.
CC: O interesse na obra de Marx tem crescido junto com sua relevância?
DH: Sim. Desde 2008, todo mundo percebeu que o capitalismo não é um sistema perfeito, e que não é a prova de crises. Marx é o principal teórico que explica como e onde a crise irrompeu, por isso há tanto interesse nele.
CC: O senhor se refere ao “direito à cidade” como o poder coletivo das pessoas nos processos de urbanização, conforme definido pelo sociólogo francês Henri Lefebvre na década de 1960. Como  a ideia de direito à cidade tem sido usada hoje em dia?
DH: Acho que o direito à cidade é um conceito genérico, e todo mundo tenta reivindicá-lo. Agentes imobiliários, financeiros e pessoas ricas têm feito isso. A questão é: quem consegue preencher esse conceito com seu significado particular? Para o direito à cidade ser parte de um movimento social efetivo, as populações marginalizadas e oprimidas têm de tratar desse tema como elas próprias o visualizam, para assim tomar controle do processo de urbanização. Em muitas partes do mundo o movimento dos trabalhadores tem se enfraquecido, e as revoltas urbanas emergiram como uma das arenas de luta anticapitalista. As pessoas estão buscando um jeito de olhar para essas lutas, e a ideia do direito à cidade agora é mais aceita como parte do que a esquerda deve fazer.
CC: Os protestos no Brasil começaram com o aumento na tarifa de ônibus em São Paulo. O senhor vê paralelo com o começo de outras revoltas ao redor do mundo?
DH: Há um grande descontentamento pelo mundo. O capital está indo bem, mas as pessoas estão indo mal. E essa diferença é vista de forma mais clara na qualidade da vida urbana. As pessoas estão vendo recursos enormes gastos em obras e projetos espetaculares, mas que não são gastos para melhorar a vida da maioria da população. Por isso, há uma raiva dissipada que é alavancada por um motivo particular. Aqui, foi a questão das tarifas. Em Istambul, o governo queria colocar um shopping no lugar de um parque tradicional. Nestes e outros casos, é uma insatisfação com a qualidade de vida urbana. E a insatisfação com a vida urbana é construída pelo capitalismo.
CC: Os protestos de junho no Brasil foram iniciados pelo Movimento Passe Livre, um movimento horizontal e sem líderes. Por que esse tipo de organização tem tido mais predominância nas revoltas dentro da cidade, em vez de partidos de esquerda e sindicatos?
DH: Os problemas urbanos criam um espaço onde novas formas de fazer políticas podem acontecer, como foi no caso das passagens de ônibus aqui no Brasil. Todas as organizações que tenho visto buscando a mudança na qualidade de vida urbana não usam as mesmas estratégias dos sindicatos e partidos políticos de esquerda, porque os problemas de organizar uma cidade são muito diferentes dos problemas de organizar um sindicato em uma fábrica. Então há uma forma nova de fazer política que está emergindo. E a esquerda convencional tem quer lidar com essas novas formas.
CC: O que faz esses grupos terem apoio do resto da população e gerarem revoltas urbanas?
DH: O que transforma o ativismo desses grupos em algo maior é a resposta policial, é o poder público usando a violência para responder a manifestações legítimas. E aí, claro, as pessoas vão às ruas contra a violência policial e movimento ganha uma nova escala. Isso aconteceu na Turquia e no Brasil. Há ainda uma tendência de militarizar a vida urbana cotidiana. E isso não acontece somente em manifestações, mas no dia a dia. Em Nova York, por exemplo, a polícia pode parar qualquer negro na rua e revistá-lo. Isso cria um grande ressentimento com as chamadas autoridades. Começam conversas sobre quem controla a cidade e porque estão a controlando desta forma. Isso se transforma numa questão geral, que passa pela classe média e às vezes até pessoas ricas se envolvem, porque nem eles querem viver numa sociedade tão autoritária.
CC: No Chile, líderes de revoltas por uma educação pública foram eleitos para o Parlamento. Outros países não tiveram essa migração das ruas para os gabinetes. Como você vê a relação entre esses movimentos e a política institucional? DH: Não vejo as instituições políticas respondendo ativamente a este novo jeito de fazer política. Mas também não acho que esses movimentos saibam o que fazer. A resposta à eleição de pessoas como Camila Vallejo, por parte de alguns estudantes do Chile, foi dizer que os eleitos não seriam capazes de fazer nada no parlamento, e a mudança de verdade teria de vir das ruas. Mas acho que sair totalmente do Parlamento não seria bom. Há certo cinismo na esquerda. Além disso, há também uma concepção ideológica de anarquistas e autonomistas de que se candidatar a uma vaga seria uma traição do seu modo de fazer política. Acho isso uma pena, porque nós precisamos de todas as possibilidades de ativismo agora.
CC: Mas, com as atuais limitações dos sistemas políticos, para que serviria a ação dentro da institucionalidade?
DH: Acho importante que a ação direta seja sempre acompanhada por gente próxima às entranhas do poder estatal. Assim, por exemplo, seria possível mitigar o uso arbitrário de força estatal contra esses movimentos. Ou, ainda mais positivamente, o Estado possa ser reorientado para tomar ações efetivas contra a acumulação de capital por meio da urbanização.
CC: O senhor tem falado, nos últimos anos, da necessidade de unificar a esquerda e o ativismo descentralizado que têm surgido ao redor do mundo. O Senhor tem visto esse movimento acontecer? Como isso poderia ser feito?
DH: Lamento o fato de que a esquerda está ficando mais fragmentada do que unificada, porque há problemas que necessitam de ações globais, como o aquecimento global e outras arenas onde a política está sendo trabalhada mundialmente. Atualmente há uma grande receptividade a novas ideias, mas nós não temos uma boa forma organizacional para formar uma estratégia compreensiva e global. Acho que isso é algo que precisaríamos, mas como fazemos isso? Se eu tivesse a resposta, não estaria aqui falando contigo.

Fonte: cartacapital.com.br. Acesso em 02/12/2013.


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Unidade de Conservação > Parque Estadual da Serra do Tabuleiro

A maior unidade de conservação de proteção integral do Estado foi criada em 1975, com base nos estudos dos botânicos Pe. Raulino Reitz e Roberto Miguel Klein, com o objetivo de proteger a rica biodiversidade da região e os mananciais hídricos que abastecem as cidades da Grande Florianópolis e do Sul do Estado. O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro ocupa cerca de 1% do território catarinense. Abrange áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí e Paulo Lopes. Fazem parte do Parque as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul.

         Mapa de localização do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro
Fonte: FATMA

O nome da unidade de conservação é emprestado de uma das serras da área do Parque, que possui um cume de formato tabular, bastante visível da região de Florianópolis: a Serra do Tabuleiro. Localizado em uma região estratégica, única e muito especial da Mata Atlântica, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro possui uma ampla diversidade de habitats. Cinco das seis grandes formações vegetais do bioma Mata Atlântica encontradas no Estado estão representados no Parque. Por essa razão, ele abriga uma biodiversidade ainda maior que seus 84.130 hectares poderiam sugerir. No litoral, sob forte influência marítima, são encontradas as formações de restinga e manguezal. A floresta ombrófila densa, riquíssima em plantas epífitas, cobre as serras e ocupa a maior parte da área do Parque. Nas encostas superiores da serra, envolta em neblina formada pela condensação da umidade que chega do mar, aparece à matinha nebular. Nas partes mais altas do Parque se faz presente a floresta ombrófila mista (floresta com araucárias) e os campos de altitudes. Cada ecossistema tem sua fauna e flora características, assim como suas espécies dominantes. As ilhas costeiras que fazem parte da unidade também apresentam suas singularidades. Essencial para a proteção desses ecossistema e toda sua biodiversidade, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro também é de extrema importância por outros motivos. Protegidas pela exuberante vegetação da unidade estão as nascentes de rios como o da Vargem do Braço, Cubatão e D’Una. Esses rios fornecem água para grande parte dos domicílios da Grande Florianópolis e do litoral sul do Estado. O Parque atua ainda, devido a suas características de solo, relevo e vegetação, com um importante regulador climático para essas regiões. Dentro da área do Parque no município de Palhoça, está a Baixada do Maciambu. Essa planície, que comporta uma das mais expressivas paisagens de restinga do litoral brasileiro, é formada por cordões arenosos na forma de semicírculos, resultantes das oscilações do nível do mar durante milhares de anos. A região e considerada, por isso, importante monumento geológico. Por suas características, o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro é um campo de pesquisas incomparável. Localizado próximo a grandes centros urbanos, possui um enorme potencial de lazer, associando o turismo ecológico à educação ambiental. O Parque tem sua sede em Palhoça, na Baixada do Maciambu. A sua sede conta com um centro de visitantes e trilhas educativas, onde o público pode ter contato com espécies nativas. O Parque possui anda dois centros temáticos na sede dos municípios de Imaruí e de São Bonifácio.

Fonte: www.fatma.sc.gov.br. Acesso em 18/09/2013. (Texto adaptado do livro "Parque Estadual da Serra do Tabuleiro – Retratos da Fauna e da Flora").

Parque do Tabuleiro - Vídeo Institucional

sábado, 31 de agosto de 2013

Atlas do Desenvolvimento Humano - Município de Tijucas SC

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Tijucas é 0,760, em 2010. O município está situado na faixa de Desenvolvimento Humano Alto (IDHM entre 0,700 e 0,799). Entre 2000 e 2010, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,162), seguida por Longevidade e por Renda. Entre 1991 e 2000, a dimensão que mais cresceu em termos absolutos foi Educação (com crescimento de 0,164), seguida por Renda e por Longevidade.

Entre 2000 e 2010: O IDHM passou de 0,669 em 2000 para 0,760 em 2010 - uma taxa de crescimento de 13,60%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 27,49% entre 2000 e 2010.

Entre 1991 e 2000: O IDHM passou de 0,562 em 1991 para 0,669 em 2000 - uma taxa de crescimento de 19,04%. O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 24,43% entre 1991 e 2000.

Entre 1991 e 2010: Tijucas teve um incremento no seu IDHM de 35,23% nas últimas duas décadas, abaixo da média de crescimento nacional (47,46%) e abaixo da média de crescimento estadual (42,54%). O hiato de desenvolvimento humano, ou seja, a distância entre o IDHM do município e o limite máximo do índice, que é 1, foi reduzido em 45,21% entre 1991 e 2010.

Ranking

Tijucas ocupa a 366ª posição, em 2010, em relação aos 5.565 municípios do Brasil, sendo que 365 (6,56%) municípios estão em situação melhor e 5.200 (93,44%) municípios estão em situação igual ou pior. Em relação aos 293 outros municípios de Santa Catarina, Tijucas ocupa a 70ª posição, sendo que 69 (23,55%) municípios estão em situação melhor e 224 (76,45%) municípios estão em situação pior ou igual.

População

Entre 2000 e 2010, a população de Tijucas teve uma taxa média de crescimento anual de 2,80%. Na década anterior, de 1991 a 2000, a taxa média de crescimento anual foi de 2,01%. No Estado, estas taxas foram de 1,02% entre 2000 e 2010 e 1,02% entre 1991 e 2000. No país, foram de 1,01% entre 2000 e 2010 e 1,02% entre 1991 e 2000. Nas últimas duas décadas, a taxa de urbanização cresceu 15,13%.

Longevidade, mortalidade e fecundidade

A mortalidade infantil (mortalidade de crianças com menos de um ano) em Tijucas reduziu 51%, passando de 21,8 por mil nascidos vivos em 2000 para 10,5 por mil nascidos vivos em 2010. Segundo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas, a mortalidade infantil para o Brasil deve estar abaixo de 17,9 óbitos por mil em 2015. Em 2010, as taxas de mortalidade infantil do estado e do país eram 11,5 e 16,7 por mil nascidos vivos, respectivamente.

Educação

Crianças e Jovens

A proporção de crianças e jovens frequentando ou tendo completado determinados ciclos indica a situação da educação entre a população em idade escolar do município e compõe o IDHM Educação. No período de 2000 a 2010, a proporção de crianças de 5 a 6 anos na escola cresceu 29,03% e no de período 1991 e 2000, 70,63%. A proporção de crianças de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental cresceu 36,92% entre 2000 e 2010 e 39,12% entre 1991 e 2000. A proporção de jovens entre 15 e 17 anos com ensino fundamental completo cresceu 13,01% no período de 2000 a 2010 e 74,93% no período de 1991 a 2000. E a proporção de jovens entre 18 e 20 anos com ensino médio completo cresceu 28,94% entre 2000 e 2010 e 37,14% entre 1991 e 2000. Em 2010, 65,86% dos alunos entre 6 e 14 anos de Tijucas estavam cursando o ensino fundamental regular na série correta para a idade. Em 2000 eram 56,71% e, em 1991, 50,86%. Entre os jovens de 15 a 17 anos, 35,22% estavam cursando o ensino médio regular sem atraso. Em 2000 eram 35,63% e, em 1991, 12,75%. Entre os alunos de 18 a 24 anos, 16,24% estavam cursando o ensino superior em 2010, 10,91% em 2000 e 5,44% em 1991. Nota-se que, em 2010 , 3,54% das crianças de 6 a 14 anos não frequentavam a escola, percentual que, entre os jovens de 15 a 17 anos atingia 31,25%.

População Adulta

A escolaridade da população adulta é importante indicador de acesso a conhecimento e também compõe o IDHM Educação. Em 2010, 55,11% da população de 18 anos ou mais de idade tinha completado o ensino fundamental e 38,05% o ensino médio. Em Santa Catarina, 58,87% e 40,41% respectivamente. Esse indicador carrega uma grande inércia, em função do peso das gerações mais antigas e de menos escolaridade. A taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais diminuiu 8,95% nas últimas duas décadas.

Anos Esperados de Estudo

Os anos esperados de estudo indicam o número de anos que a criança que inicia a vida escolar no ano de referência tende a completar. Em 2010, Tijucas tinha 9,73 anos esperados de estudo, em 2000 tinha 9,44 anos e em 1991 9,79 anos. Enquanto que Santa Catarina, tinha 10,24 anos esperados de estudo em 2010, 10,13 anos em 2000 e 9,93 anos em 1991.

Renda

A renda per capita média de Tijucas cresceu 58,98% nas últimas duas décadas, passando de R$525,52 em 1991 para R$780,92 em 2000 e R$835,48 em 2010. A taxa média anual de crescimento foi de 48,60% no primeiro período e 6,99% no segundo. A extrema pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em reais de agosto de 2010) passou de 4,81% em 1991 para 2,36% em 2000 e para 1,22% em 2010. A desigualdade diminuiu: o Índice de Gini passou de 0,57 em 1991 para 0,62 em 2000 e para 0,41 em 2010.

O que é Índice de Gini?

É um instrumento usado para medir o grau de concentração de renda. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 significa completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar.

Fonte: www.atlasbrasil.org.br/2013/perfil/tijucas_sc. Acesso em 31/08/2013.

Brasil tem mais de 200 milhões de habitantes, segundo IBGE

Rio de Janeiro e Brasília - A população estimada do Brasil é 201.032.714 habitantes, pelos dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes a junho deste ano. De acordo com o levantamento, há 7.085.828 habitantes a mais do que o registrado em julho de 2012. Os dados foram publicados nesta quinta-feira 29 no Diário Oficial da União. São Paulo é o estado mais populoso com 43,6 milhões de habitantes, seguido por Minas Gerais com 20,5 milhões de residentes e Rio de Janeiro com 16,3 milhões de pessoas que declaram moradoras da região. A Bahia registra 15 milhões de habitantes, o Rio Grande do Sul 11,1 milhões e o Paraná, 10,9 milhões de residentes. Em seguida aparecem Pernambuco com 9,21 milhões de habitantes, Ceará com 8,78 milhões, Pará com 7,97 milhões, Maranhão com 6,79 milhões, Santa Catarina com 6,63 milhões e Goiás com 6,43 milhões. Com menos de 5 milhões de habitantes, estão Paraíba (3,91 milhões), Espírito Santo (3,84 milhões), Amazonas (3,81 milhões), Rio Grande do Norte (3,37 milhões), Alagoas (3,3 milhões), Piauí (3,18 milhões), Mato Grosso (3,18 milhões), Distrito Federal (2,79 milhões), Mato Grosso do Sul (2,59 milhões), Sergipe (2,19 milhões), Rondônia (1,73 milhão) e Tocantins (1,48 milhão). A Região Norte, tem três estados com menos de 1 milhão de habitantes. Roraima é o menos populoso, com 488 mil habitantes. O Acre tem 776,5 mil habitantes e o Amapá, 735 mil.


Fonte: www.cartacapital.com.br. Acesso em 31/08/2013

sábado, 13 de julho de 2013

MODAIS DE TRANSPORTE

Em logística os modais básicos de transporte são rodovias, ferrovias, aerovias, hidrovias e dutos. A escolha de cada modal reflete na condição e necessidade específica sobre o material a ser distribuído, o ritmo de distribuição e o custo logístico.



Rodovia: O transporte rodoviário oferece rotas de curta distância de produtos acabados ou semi-acabados. As vantagens do uso de caminhões nas estradas são:
* O serviço porta a porta;
* Frequência e disponibilidade dos serviços;
* Velocidade;
* No mercado de pequenas cargas é mais competitivo em comparação ao ferroviário.

Ferrovia: O transporte ferroviário é lento, muito utilizado para transportar matérias-primas e manufaturados de baixo valor para longas distâncias. Comparado ao rodoviário, oferece fretes mais baratos e desempenho inferior. No modal ferroviário há o estoque em trânsito, onde o tempo de viagem é considerado período de estoque. No Brasil, após a privatização, duas empresas dominam o transporte ferroviário, a MRS e ALL.

Aeroviário: A grande característica do aeroviário é a alta taxa de frete e as dimensões físicas dos porões de carga dos aviões. Transporta itens com pouco volume e alto valor agregado como eletrônicos, instrumentos óticos e materiais frágeis. A grande vantagem do aeroviário é a velocidade em grandes distâncias. A variabilidade é baixa no quesito confiabilidade.

Hidrovia: Exige a utilização de outro modal auxiliar de transporte combinadamente; é mais lento que a ferrovia, sofre forte influência das condições meteorológicas e necessita de margens navegáveis. Transporta principalmente granéis como carvão, minérios, cascalho, areia, petróleo, ferro, grãos, entre outros. Trabalha com itens de baixo valor agregado e não perecível.

Dutos: Utilizado em movimentos de petróleo, derivados e gás. Custo baixo de movimentação, oferece linha de produto limitada.



No gráfico acima é possível verificar a participação de cada modal no transporte de cargas no Brasil sendo notório a supremacia do transporte rodoviário.

Fonte: http://www.infoescola.com. Acesso em 13/07/2013

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Passado de discórdias para a Ponta do Coral

A área sempre foi alvo de disputas entre empresários, políticos e ambientalistas. A recente polêmica que envolve a Ponta do Coral é apenas mais um capítulo de um passado cheio de casos controversos.

Século 18: A Ponta do Coral, também conhecida como Ponta do Recife, era um ponto de vigia do sistema de defesa da Ilha.

Final da década de 1920: Empresa norte-americana Standard Oil deixou a região central de Florianópolis, onde já funcionava, em busca de um novo local para instalar os depósitos de combustíveis. A Ponta do Coral foi escolhida e, em 1929, começou a armazenar e distribuir óleo no local.

1940: Um abrigo de menores (que mais tarde viria a se tornar Fucabem e, depois, a se chamar Educandário 25 de Novembro) foi inaugurado no local, com a presença do presidente da República, Getúlio Vargas. Também passou a ser utilizada como área de lazer pelos internos e pela comunidade do entorno.

1959: O governo do Estado comprou oficialmente a área da Standard Oil. A partir daí, tiveram início as especulações imobiliárias no local, que acentuaram no fim da década de 70.


1980 - 30 de março: O prédio do abrigo de menores foi destruído por um incêndio. A maior parte das 400 crianças que morava na instituição participava de um evento no aterro da Baía Sul e precisou ser transferida às pressas para outros locais. Semanas depois, o laudo elaborado pela polícia apurou que o fogo foi provocado de forma intencional, por material inflamável. Ninguém nunca foi preso.

- 29 de junho: O então governado Jorge Bornhausen decretou a venda do terreno. A justificativa: precisava de dinheiro para construir um novo abrigo, em Palhoça. A venda foi contestada, uma vez que precisaria de aprovação da Assembleia Legislativa (conforme previsto pela Constituição Estadual em vigor na época), o que não ocorreu. A atitude provocou revolta na sociedade, que passou a protestar considerando a venda um ato nulo.

- 17 de novembro: O processo licitatório chegou ao fim e foi avaliado. Quatro empresas haviam se candidatado à compra: O Iate Clube de Florianópolis, a Sociedade Nacional de Construções (SNAC), a Kobrasol Empreendimentos Imobiliários e a Nova Próspera Mineração, de Criciúma, que acabou vencendo o pleito por oferecer o valor mais alto e ser a única disposta a fazer o pagamento à vista - algo, hoje, em torno de R$ 4,1 milhões.

1981: o novo proprietário, o empresário de mineração Realdo Santos Guglielmi, propôs a construção de um hotel cinco estrelas no local. Mas o projeto foi barrado pela Fatma, pela Capitania dos Portos e por manifestações públicas. Ele desistiu da proposta e pôs o terreno à venda, mas não houve interessados. A Ponta do Coral entrou, então, no processo de abandono que permanece até hoje.


1991: Realdo resolveu adquirir novas minas de carvão mineral, equipamentos e instalações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) a partir de um empréstimo de 4 bilhões de Cruzeiros. Para fazer o pagamento, não tirou dinheiro do bolso. Ele pegou um empréstimo com a própria CSN e, como garantia, entregou a Ponta do Coral, que até hoje não foi recuperada.  O empresário morreu e não conseguiu resolver as pendências do local. O terreno hoje está em nome da viúva, Maria Bernadette Pinho Moreira Guglielmi, irmã do atual vice-governador Eduardo Pinho Moreira.

2000: O vereador Mauro Passos sugere um projeto de lei para transformar o local em área verde de lazer. Nos dois anos seguintes, ele estudou a área, reuniu seu histórico e buscou pareceres técnicos de vistorias da Floram, do Ipuf e da prefeita Angela Amin, simpatizante do projeto e disposta a desapropriar a área. Na primeira votação, em dezembro de 2002, o projeto foi aprovado por unanimidade. Deveria seguir, então, para a segunda votação em até 30 dias, conforme prevê o regimento interno da Câmara de Vereadores. Porém, neste mesmo ano, Passos disputara as eleições estaduais e, em 2003, assumiu como deputado federal e deixou de acompanhar o próprio projeto.

2005: Três anos depois da aprovação do projeto de Passos, o projeto reapareceu, mas ganhou um novo rumo: invés de área verde, o projeto transformava a Ponta do Coral em espaço turístico com permissão de aterro. A lei, de autoria do vereador Jaime Tonello, foi aprovada e sancionada pelo já então prefeito Dário Berger. Mais uma vez, a legislação foi considerada inconstitucional pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU).


2008: A família Guglielmi oficializa a parceria com a Hantei, que se comprometera a quitar a dívida do empréstimo com a CSN e recuperar o terreno, caso conseguisse a aprovação para construir o hotel.

2012: Baseado na lei complementar de 2005, Dário deu a entrada a um processo de pedido de aterro para a Ponta do Coral junto à SPU, responsável pela área que envolve o mar. Mas deixou o Executivo com a principal batalha pela metade: o processo que tiraria o empreendimento do papel não havia chegado ao fim.

2013: Com a chegada de Cesar Souza Júnior ao governo, os planos mudaram. Em março, antes mesmo que a SPU pudesse procurá-lo, Cesar alegou falta de interesse na continuidade do processo. O pedido de aterro, então, foi oficialmente arquivado no último dia 7 de maio.

Fonte: www.clicrbs.com.br. Acesso em 04/06/2013

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Fitofisionomias da Mata Atlântica

O Brasil é o país da biodiversidade. A característica principal de nossas florestas é o altíssimo número de espécies de fauna e flora que, ao longo dos séculos vem fascinando naturalistas, pesquisadores e, mais recentemente também os ecoturistas. A Mata Atlântica não foge à regra. Não é uma, são muitas florestas que compõe um grande mosaico florestal. A essas diferentes matas associam-se outros ecossistemas, criando uma cadeia de vida com muitas e diferentes interações, o Domínio Mata Atlântica.

No mapa abaixo você pode ver a distribuição dos vários ecossistemas (fitofisionomias) que compõem o Bioma Mata Atlântica.

www.rbma.org.br/anuario/mata_02_eco__ssistema.asp

Floresta Ombrófila Densa - mata perenifólia (sempre verde), com dossel ("teto" da floresta) de até 15m, com árvores emergentes de até 40m de altura. Densa vegetação arbustiva, composta por samambaias arborescentes, bromélias e palmeiras. As trepadeiras e epífitas (bromélias, orquídeas) cactos, samambaias, etc, também são muito abundantes. Nas áreas mais úmidas, às vezes temporariamente encharcadas, antes da degradação pelo homem, ocorriam figueiras, jerivás (palmeira) e palmitos (Euterpe edulis).

Floresta Ombrófila Aberta - é considerada um tipo de transição da floresta ombrófila densa, ocorrendo em ambientes com características climáticas mais secas.

Floresta Ombrófila Mista - conhecida como mata de araucária, pois o Pinheiro do Paraná (Araucaria anguistifolia) constitui o andar superior da floresta, com subosque bastante denso. Antes da interferência antrópica esta formação ocorria nas regiões de clima subtropical, principalmente nos planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, e em maciços descontínuos, nas partes mais elevadas de São Paulo, Rio de Janeiro e Sul de Minas Gerais (Serras de Paranapiacaba, da Mantiqueira e da Bocaina).

Floresta Estacional (Decidual e Semidecidual) - mata com árvores de 25 e 30m, com a presença de espécies decíduas (derrubam folhas durante o inverno mais frio e seco), com considerável ocorrência de epífitas e samambaias nos locais mais úmidos, e grande quantidade de cipós (trepadeiras). Ocorriam antes da degradação pelo homem, a leste das florestas ombrófilas da encosta atlântica, entrando pelo Planalto Brasileiro até as margens do rio Paraná. O Parque Estadual do Morro do Diabo protege este tipo de floresta.

Manguezais - formação que ocorre ao longo dos estuários, em função da água salobra produzida pelo encontro da água doce dos rios com a do mar. É uma vegetação muito característica, pois o manguezal tem apenas sete espécies de árvores - menos de 1% das registradas na mata atlântica -, mas abriga uma diversidade de microalgas pelo menos dez vezes maior. Essa floresta invisível, revelam pesquisadores da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), é capaz de ocupar, com cerca de 200 mil representantes, um único centímetro quadrado de raiz de mangue. 

Restinga - ocupa grandes extensões do litoral, sobre dunas e planícies costeiras. Inicia-se junto a praia, com gramíneas e vegetação rasteira, e torna-se gradativamente mais variada e desenvolvida à medida que avança para o interior, podendo também apresentar brejos com densa vegetação aquática. Abriga muitos cactos, orquídeas e bromélias. Esta formação encontra-se hoje muito devastada pela urbanização.

Brejos de Altitude - São áreas de clima diferenciado no interior do semi-árido, também conhecidas regionalmente como "serras úmidas", por ocuparem primitivamente a maior parte dos tabuleiros e das encostas orientais do nordeste.

Campos - Ocorrem em elevações superiores a 180 metros e em linhas de cumeadas localizadas. A vegetação característica é formada por comunidades de gramíneas, em certos lugares interrompidas por pequenas charnecas. Freqüentemente nas maiores altitudes ocorrem topos planos ou picos rochosos.

No Brasil a Mata Atlântica ocorre em 17 estados e em cerca de 3400 municípios. Três estados (RJ, ES, SC) estão integralmente incluídos no Domínio da Mata Atlântica.

<www.rbma.org.br/anuario/mata_02_estados.asp>

Fonte: www.rbma.org.br. Acesso em 01/04/2013
www.portalsaofrancisco.com.br. Acesso em 01/04/2013

domingo, 24 de março de 2013

POLÍTICAS PÚBLICAS E DESENVOLVIMENTO RURAL PÓS 1990

RESUMO

Política Pública e Agricultura Familiar: Uma leitura do Pronaf

A opção da agricultura familiar como protagonista de um projeto de desenvolvimento rural representa um avanço em relação às ações públicas voltadas para o campo até então, mas certas noções presentes no texto do Pronaf alertam para riscos que esta política pode representar para a agricultura familiar.
Eleger a agricultura familiar como protagonista do desenvolvimento rural é um indicativo de uma mudança de paradigma, já que há décadas a agricultura familiar esteve relegada a segundo plano tendo sobrevivido em meio a competição de condições e recursos orientados a favorecer a grande produção e a grande propriedade.
Segundo o Pronaf a agricultura familiar tem função social dirigida ao desenvolvimento econômico do país sustentado nas noções de produtividade e rentabilidade crescentes tendo como conseqüência a melhoria na qualidade de vida da população rural.
O Pronaf teve como referências experiências européias principalmente da França que no pós-guerra elegeu a agricultura familiar como forma de produção implementando a modernização da produção agrícola e da sociedade rural, enquanto nessa mesma época o Estado brasileiro orientou-se para a modernização econômica e tecnológica da grande produção.
Outro ponto a ser destacado é que na França os investimentos eram geralmente a fundo perdido ou de proteção ao agricultor enquanto no Brasil a viabilização das condições de produção tem como objetivo reembolsar os investimentos públicos adequando o retorno dos investimentos a capacidade de pagamento do agricultor familiar.

Modernização e Agricultura Familiar

Cabe destacar que na França a agricultura repousa historicamente na produção familiar, o que justifica a decisão política de processar a chamada “industrialização” da agricultura sobre as bases de uma força de trabalho e de um capital essencialmente familiar.
Outro ponto é que a idéia de desenvolvimento contida no Pronaf embora associe o aumento da capacidade produtiva à melhoria da qualidade de vida, a noção de sustentabilidade não implica na opção por tecnologias alternativas ao padrão que vem sendo adotado até então. Torna-se difícil reconhecer a real possibilidade do governo em romper com as práticas pautadas na tecnificação para se orientar na direção de um novo paradigma de desenvolvimento rural.
O Pronaf valoriza a agricultura familiar como segmento gerador de emprego e renda de modo a estabelecer um padrão de desenvolvimento sustentável, por outro lado, qual forma de produção familiar teria a capacidade de realizar absorção de mão de obra, mantendo ao mesmo tempo a competitividade da economia sendo que na França se implementou políticas públicas como objetivo de diminuir a população rural e aumentar o padrão de vida do agricultor destacando-se por exemplo um programa educacional para orientar os filhos de agricultor a setores econômicos não agrícolas.

Agricultura familiar e desenvolvimento econômico

O governo reconhece a capacidade da agricultura familiar de se adaptar a situações diversas e de contribuir para o desenvolvimento econômico em condições de competitividade, ainda que sem lucro e renda. O incremento da produtividade como meta nos leva a velha fórmula desenvolvimentista: aumento da produção = diminuição de preço no mercado = competitividade. É contraditória a adoção de um modelo de intervenção na agricultura familiar atrelado à lógica do mercado e centrado no aumento da capacidade produtiva.
Torna-se indispensável à implementação de medidas que organizem o mercado e garantam preço para agricultura familiar, caso contrário, ela permanecerá a margem do processo de desenvolvimento econômico, em situação extremamente desfavorável devido a incapacidade de competir em espaços sociais sob a hegemonia da grande empresa e dos grandes negócios agroindustriais.

O modelo de agricultura familiar e o verdadeiro agricultor

Outro aspecto relevante é o caráter excludente dos critérios para se identificar o agricultor familiar beneficiário desta política. Nestes termos são considerados beneficiários os agricultores familiares reconhecidos como em transição, que possuam amplo potencial de viabilização econômica. Alguns requisitos indispensáveis é a utilização do trabalho direto seu e de sua família e que 80% da renda seja originadas da exploração agropecuária e/ou extrativa.  Os critérios de exclusão estão fortemente sustentados na noção, em construção, do verdadeiro agricultor, profissional com capacidade empresarial apto para encontrar na atividade agrícola a fonte da quase totalidade da renda familiar.
Neste sentido instituir o bom agricultor como aquele que aufere a renda familiar quase exclusivamente da atividade agrícola, implica excluir as possibilidades de combinar a agricultura com outras fontes de renda que, em alguns casos, são indispensáveis a continuidade da própria atividade agrícola e, portanto fundamentais para a retenção da mão-de-obra no campo.
A pluriatividade deve ser considerada para manter a população no campo e também viabilizar as pequenas unidades produtivas que não conseguem sustentar-se exclusivamente da produção agrícola, é também importante não esquecer que a especificidade da produção agrícola implica distinguir tempo de trabalho do tempo de produção, o que atribui outros significados ao trabalho não-agrícola exercido no quadro da unidade de produção familiar.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

MARIA JOSÉ CARNEIRO. Estudos Sociedade e Agricultura, 8 de abril de 1997.

O RURAL HOJE: UM OLHAR CRÍTICO

Para entendermos o rural hoje devemos voltar um pouco no tempo para compreendermos como se deu tal evolução. Iniciemos então nossa análise a partir da Segunda Guerra com as políticas governamentais instigadas pela polarização da Guerra Fria, onde se experimentou um notável crescimento econômico sendo que o desenvolvimento rural foi um dos motores do crescimento dado o peso da agricultura nas contas nacionais naquela época. As novas tecnologias oriundas do período Pós Segunda Guerra foram implantadas no campo provocando o que foi intitulado mais tarde de Revolução Verde, que se caracterizou pelo rompimento radical com o passado por integrar fortemente as famílias rurais as novas formas de racionalidade produtiva, quebrando a relativa autonomia setorial que em outros tempos a agricultura teria experimentado. O governo foi o grande fomentador neste período das políticas de modernização no campo com a difusão do pacote tecnológico que acarretou aumentos de produtividade promovendo desta forma o aumento da renda familiar, portanto, o tão esperado desenvolvimento rural.
No entanto a partir dos anos 80 a Revolução Verde já passa a enfrentar problemas de produtividade dado o uso irracional do solo e das técnicas agressivas de produção como o uso intensivo de fertilizantes e agrotóxicos e a pouca preocupação dispensada ao meio ambiente associada a nível superestrutural a ascensão das políticas neoliberais que enfraqueceram o papel do Estado na condução das políticas voltadas para o campo. A partir da década de 90 um complexo conjunto de novos processos sociais e econômicos veio à tona sob a expressão de globalização. Neste quadro o desenvolvimento rural gradualmente reapareceu nos debates em escala global com base no estudo dos impactos ambientais experimentados nas últimas décadas levando a promover outras formas de gestão dos recursos naturais que não obstante teve caráter impositivo. No Brasil, por exemplo, tem sido possível identificar algumas das razões que explicariam o surgimento de crescentes esforços sócio-políticos de revalorização da sociedade rural e suas atividades produtivas através de políticas públicas de apoio a agricultura familiar e ao desenvolvimento rural sustentável. Uma das propostas para o desenvolvimento rural é a melhoria do bem estar das populações rurais, seja através de financiamentos ou investimentos a fundo perdido afim de que estas populações possam promover um melhor manejo do solo sendo que a partir da década de 80 já havia se difundido a expressão de desenvolvimento sustentável.
A idéia de sustentabilidade nasceu da crescente percepção acerca dos impactos ambientais do padrão civilizatório acelerado pós Segunda Guerra. Neste sentido, o componente sustentável da expressão refere-se exclusivamente ao plano ambiental, indicando as necessidades das estratégias de desenvolvimento rural incorporar uma apropriada compreensão das chamadas dimensões ambientais. O desenvolvimento local, com a multiplicação das ONG’s que por atuarem normalmente em ambientes geograficamente mais restritos ( a região ou município) criaram uma estratégia de ação  local em contraposição aos processos globalizantes e os processos de descentralização valorizou o local, no caso brasileiro o município. As ações centradas em torno da agricultura familiar têm reforçado a tendência de novos padrões de desenvolvimento rural que incluem mecanismos de repercussão local.
Hoje o que se presencia na agricultura brasileira é uma série de formas diferentes de produzir e existir sendo verificadas desde técnicas arcaicas de plantio, basicamente de subsistências sem nenhum apoio governamental até as grandes monoculturas propiciadas pela Revolução Verde ou plantação de transgênicos, esta última como alternativa ao modelo anterior devido ao seu esgotamento, até ações um tanto inovadoras como a Agroecologia (produção de alimentos orgânicos) com o apoio da ONG’s que possuem centros de estudos e promoção da agricultura, a retomada da agricultura familiar com o apoio dos programas governamentais como o Microbacias e o Pronaf, estes em escala de intervenção local,. Enfim uma variedade muito grande de políticas ou total falta de políticas rurais, sendo que o que está em voga atualmente é a agricultura familiar sustentável. Vale lembrar que as políticas de desenvolvimento rural foram conquistadas através de muita luta onde foram importantes os movimentos sociais e as ONG’s promovendo movimentos em prol de uma sociedade mais justa, além de discussões sobre a implementação de novos modelos gerenciais para a condução da economia brasileira e um modelo alternativo de produção agropecuária dado os efeitos adversos provocados pelo padrão predominante, que passou a ser chamado de agricultura convencional, fortalecendo um conjunto de propostas antagônicas, classificadas como alternativas (orgânica, biológica, natural) de desenvolvimento sustentável .

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAVARRO, ZANDER. Desenvolvimento rural no Brasil: os limites do passado e os caminhos do futuro. Estudos Avançados 15, 2001.
CAMPOS, ARNOLDO DE. A Agricultura Familiar e o Governo FHC. Agroecologia e Agricultura Familiar, 2000.
ELIAS, DENISE. Globalização e Agricultura no Brasil. Geo UERJ, Revista do Departamento de Geografia da UERJ, 2002.

sexta-feira, 22 de março de 2013

ROCHAS SEDIMENTARES E AMBIENTES DE SEDIMENTAÇÃO


1. Rochas Sedimentares

     As rochas sedimentares no senso estrito são aquelas formadas a partir do material originado da destruição erosiva de qualquer tipo de rocha, material este que deverá ser transportado e posteriormente depositado ou precipitado em um dos muitos ambientes de sedimentação da superfície do globo terrestre. Na maioria das vezes apresentam-se estratificadas. No senso lato incluem também qualquer material proveniente das atividades biológicas. O critério da classificação das rochas sedimentares segue vários princípios, normalmente combinados entre si, como o ambiente, o tipo de sedimentação, constituição mineralógica ou tamanho das partículas.
    
Tabela das Rochas Sedimentares

Nome
Estrutura
Tamanho
Mineralogia
Cor
Permeabilidade
Argilito
Estratificada
Argila
Feldspatos
Cinza-escuro
Siltito
Estratificada
Silte
Feldspatos
Cinza-escuro
Varvito
Estratificada
Silte e Argila
Feldspatos e Quartzo
Cinza
Arenito
Maciça
Areia fina
Quartzo
Amarronzado
Boa
Conglomerado
Maciça
Seixo
Fragmentos
Cinza
Boa
   
   Segundo o ambiente de sedimentação, podem ser classificados em sedimentos continentais, que são subdivididos em fluvial, lacustre ou lagunar, desértico, leque aluvial e glacial, e sedimentos marinhos, que, de acordo com a profundidade da zona que ocupam, podem ser do tipo nerítico, batial ou abissal.
     Segundo o tipo, podem ser classificados em clásticos, químicos e orgânicos. Os sedimentos clásticos são constituídos por fragmentos desagregados das diversas rochas pré-existentes (vulcânicas, metamórficas ou mesmo sedimentares) que, transportadas para outras regiões, são depositados em camadas (estratos). Distinguem-se: macroclásticos (psefitos e psamitos, do grego psephis, seixo e psamos areia) e microclásticos (pelitos, do grego pelos, lama). Os psefitos constituem-se de seixos, isto é, grãos maiores que os de areia; os psamitos, de grãos do tamanho dos de areia e os pelitos, de grãos do tamanho dos de silte e argila.

Classificação Granulométrica dos Sedimentos Clásticos


Diâmetro (mm)
Wentworth
Diâmetro (mm)
Atterberg
Matacão
> 256
> 200
Bloco
64 - 256
20 - 200
Seixo
4 - 64
2 - 20
Grânulo
2 - 4

Areia grossa
1/4 - 2
0,2 - 2
Areia fina
1/16 – 1/4
0,02 – 0,2
Silte
1/256 – 1/16
0,002 – 0,02
Argila
< 1/256
< 0,002

     Os sedimentos químicos são aqueles originados da precipitação de solutos, graças á diminuição da solubilidade ou graças á evaporação da água. Quando se verifica este fenômeno o sedimento recebe o nome de evaporito. Os sedimentos químicos formados graças á diminuição da solubilidade são mais comumente os carbonatos, que se precipitam graças ao aumento de temperatura e conseqüente desprendimento de gás carbônico, responsável pela solubilidade dos carbonatos, ex: Halita (NaCl), Calcita (CaCO3). Os sedimentos orgânicos são formados pela transformação dos restos de seres vivos, vegetais e animais. O carvão de pedra e a turfa, por exemplo, são o resultado da transformação das grandes florestas que existiam na Terra, durante o período Carbonífero (há 345 milhões de anos).

2. Ambientes de Sedimentação

Sedimentos Continentais

Fluvial: Diminuindo a velocidade de um rio, graças ao menor declive existente nas regiões médias e inferiores, diminuirá também a sua capacidade transportadora, iniciando-se então a sedimentação do material transportado. Deve ser lembrado que o diâmetro dos detritos mais grosseiros, da mesma densidade, transportados por uma corrente, varia aproximadamente com o quadrado da sua velocidade, isto é, se a velocidade dobrar, o diâmetro máximo de um seixo que pode ser transportado será em volta de quatro vezes maior. Esta relação não se aplica às partículas menores que as areias, cujo diâmetro é de 2mm no máximo.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificação plano-paralela
Rocha Sedimentar: Conglomerado

Lacustre ou Lagunar: Como podemos comprovar ao estudar a sedimentação marinha, os lagos são em muitos aspectos sedimentares reproduções do mar em escala reduzida. Em primeiro lugar, tem os mesmos tipos de sedimentos: detríticos ou clásticos, formados por fragmentos de outras rochas; químicos e bioquímicos, formados por precipitação de íons, induzida ou não por organismos; e orgânicos, que são restos de seres vivos. Igualmente se assemelham na existência de deltas, de ondulações sedimentares submarinas e de correntes de turbidez que circulam por seu fundo. Outras características, como a precipitação de sais, são ao contrário típicas de certos lagos.
Do ponto de vista sedimentar existem dois tipos de lagos:
- Lagos com sedimentação predominantemente detrítica e orgânica: tem um ou mais deltas que jogam sedimentos detríticos (seixos, areias, limos) nas bordas, mas também ocasionalmente ao centro mediante correntes de turbidez. Outra fonte de detritos finos no centro da bacia é a decantação das partículas que chegam em suspenção na água fluvial, a qual não se misturam imediatamente com a lacustre. Estas argilas do fundo costumam armazenar sulfetos e matéria orgânica (que podem chegar a formarem locais de carbono e petróleo, devido ao caráter redutor das águas profundas. A causa deste fenômeno químico é que as águas do fundo do lago, frias e por isso densas, se misturam pouco com as superficiais aquecidas pelo Sol. Os restos de seres vivos caem ao fundo e sua decomposição absorve todo o oxigênio da água.
- Lagos salinos: Em um lago, os sais precipitam a favor de algum dos seguintes processos:
- concentração por evaporação
- perda de gases (como CO2)
- mistura de águas
- mudança de temperatura
Do ponto de vista químico se distinguem os lagos de carbonatos dos lagos de sulfatos e cloretos. Do ponto de vista geológico se distinguem três tipos de lagos salinos: perenes e profundos (como o Mar Morto); perenes e rasos; e efêmeros e rasos, chamados também lagos do tipo praia (não confundir com praias costeiras). Precisamente são praias os lagos que costumam ficar no centro das zonas hiperáridas fechadas denominadas bacias sedimentares.
Agente: Água
Textura-Granulometria: Argila, Silte e Areia
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Arenitos e Siltitos

Desértico: Diminuindo a velocidade do vento, inicia-se a sedimentação das partículas segundo o seu tamanho, tendo em vista a uniformidade da densidade das partículas, predominantemente quartzosas. Primeiro os grãos maiores, passando para os menores. A diminuição da velocidade do vento é normalmente provocada por obstáculos diversos, como vegetais, blocos, etc. Atrás destes obstáculos o vento forma turbilhões e diminui de velocidade, provocando com isso a sedimentação, principalmente da areia de diâmetro de 0,1 a 1mm, aproximadamente, enquanto que as partículas menores se sedimentam depois pelas chuvas ou neves nas épocas de calmarias. Citam-se mesmo chuvas de barro e neves coloridas pelas poeiras, tal a quantidade de detritos aéreos aglutinados e depositados por estes agentes atmosféricos. As partículas menores que 50 mícrons são levadas pelo vento, pois sua velocidade de queda livre sofre uma brusca diminuição em relação às partículas maiores. Aos depósitos formados, graças ao vento, dá-se a designação de depósitos eólicos. Sua natureza é variável, podendo provir de explosões vulcânicas, de áreas periglaciais, de praias marinhas ou fluviais, de regiões áridas, sendo estas as de maior importância para a geologia, ou mesmo de regiões facilmente suscetíveis á deflação. Sendo o vento constante numa determinada direção, haverá uma deposição contínua, dando origem a elevações de forma regular e característica que recebe o nome de duna. Assim, uma das categorias de duna é a que se forma graças a obstáculos existentes no percurso do vento. Uma segunda categoria de duna, quanto á sua origem, é formada sem a intervenção de obstáculos. São tidas como as dunas verdadeiras.
Agente: Vento
Textura-Granulometria: Areia
Estrutura: Estratificação Cruzada
Rocha sedimentar: Arenito

Leque aluvial: Os primeiros sedimentos fluviais formam-se geralmente no sopé das montanhas, recebendo a designação de depósito de piemonte. São também chamados de cones ou leques aluviais, possuindo a forma aproximada de um leque, pelo motivo de se espalharem morro abaixo. Possuem litologicamente as mesmas características do tálus, com a diferença de terem já sofrido pequeno transporte pelas águas correntes. Se este material for litificado, receberá a denominação de fanglomerado. Em regiões semi-áridas, graças á ausência ou quase ausência de decomposição química, pose assemelhar-se a um tilito, também pela heterogeneidade granulométrica dos constituintes e falta de estratificação.
Agente: Gravidade
Textura-Granulometria: Argila
Estrutura: Estratificação
Rocha Sedimentar: Argilito

Glacial: Entre as diversas características dos sedimentos glaciais, a de maior interesse, por ser comum a quase todos eles, é a quase que total ausência de alteração química pelo intemperismo. Outra característica interessante é a presença de estrias nos seixos que são facetados, em vez de esféricos. Sabemos que quanto mais elevada for a temperatura, mais rápidas serão as reações químicas responsáveis pelo intemperismo. Estas são, pois, praticamente ausentes num ambiente glacial, fato de importância no reconhecimento de um antigo sedimento glacial. Os minerais facilmente decompostos em climas quentes, como os feldspatos e os máficos, são encontrados com freqüência entre os sedimentos glaciais. O material fino nada mais é do que o produto da pulverização mecânica das rochas, não ocorrendo os argilo-minerais.
Tilito: rocha endurecida formada pelo acúmulo dos detritos levados por uma geleira.
Varvitos: depósito de sedimentos que forma uma camada diferenciada. O termo costuma ser usado para definir os depósitos formados em lagos situados às margens de geleiras.
Agente: Gelo
Textura-Granulometria: Argila até Matacão
Estrutura: Estratificada e Maciça
Rocha Sedimentar: Argilito/Siltito, Arenito, Conglomerado
  
Sedimentos Marinhos

     A subdivisão das regiões dos mares baseia-se principalmente no critério da profundidade, declividade e da distância do afastamento da costa. Segundo as profundidades podemos distinguir as seguintes zonas nos oceanos:
Região litorânea: a profundidade da água é de poucos metros, compreendendo a zona atingida pela alta e baixa maré. A extensão varia, evidentemente, com a declividade da costa. Esta pode ser desde vertical, sendo neste caso pequena a região litorânea, até quase horizontal, havendo uma grande extensão ora coberta, ora descoberta pelo mar. No contato direto do mar com o continente são intensas as atividades construtivas e destrutivas do mar.
Região nerítica: É delimitada pela profundidade de cerca de 200m (plataforma continental), havendo íntima relação das relações do continente, com respeito ao clima, vida, topografia, etc., com a sedimentação e condições de vida nesta zona do mar. É de grande importância, nas ciências geológicas, o estudo da região nerítica, pois os sedimentos marinhos do passado em sua grande maioria foram formados nesta região, inclusive sedimentos petrolíferos.
Região batial: É delimitada comumente pela profundidade de 1000 metros, havendo nesta região vida bem reduzida, nas suas partes profundas.
Região abissal: Possui profundidades superiores a 1000 metros. A vida é escassa e pouco conhecida; ocorrem peixes de aspecto exótico, muitas vezes fosforescentes, adaptados ás condições de escuridão absoluta e de grande pressão hidrostática. O único alimento constitui-se de restos mortos provindos das regiões superiores. A sedimentação principal constitui-se de restos de esqueletos ou de lama continental finíssima, assunto a ser encarado na sedimentação marinha. Denomina-se região pelágica a que se acha afastada da região nerítica. Abaixo encontram-se as regiões hemipelágicas e eupelágica. A importância da região pelágica reside no fato de tratar-se do local de maior intensidade de vida, o fator de maior importância na sedimentação marinha.

Fontes Consultadas: Geologia Geral. Viktor Leinz